5 teorias que explicam (ou tentam) o acidente de Ayrton Senna

O acidente que matou Ayrton Senna, na 7ª volta do GP de Ímola de 1994, deixou uma lacuna para todos aqueles que gostam de automobilismo. Afinal de contas, o que levou o Williams FW16 a sair reto, em uma curva de pouca complexidade, espatifando-se no muro e matando o piloto quase instantaneamente?
A perícia realizada no carro não foi capaz de definir a causa do acidente, devido ao estado do chassi após a batida. Sobraram então as especulações.
E elas são muitas. Algumas bastante razoáveis, outras ridículas de doer. Veja, abaixo, 5 teorias que podem explicar o acidente de Senna. E tente não rir de algumas delas.

1. Quebra da barra de direção

Fato: a barra de direção do FW16 estava quebrada quando Senna foi retirado dos destroços. Mas a perícia não sabe definir se a quebra ocorreu antes ou depois da batida.

De qualquer maneira, a quebra da barra de direção é a teoria mais aceita entre aqueles que acompanharam o caso mais de perto. Sabe-se que a Williams fez uma adaptação na peça, a pedido de Senna, que não estava satisfeito com a posição de dirigir do FW16.
Ayrton pediu à equipe que desse um jeito de aproximar o volante de seu corpo, para evitar que suas mãos batessem no cockpit do carro quando ele fazia curvas. A Williams realizou o serviço mas, segundo especialistas, com falhas. Ao longo do fim de semana, Senna pilotou o carro em Ímola da forma como queria, mas o material não resistiu à emenda mal feita e se partiu por stress, no meio da Tamburello.
De fato, ao ver as imagens da câmera onboard na última voltado piloto, o volante parece se mover verticalmente de forma excessiva. Mas a câmera para de funcionar assim que o carro sai da pista e, com isso, não é possível saber exatamente o que ocorreu deste ponto, até o impacto com o muro.

2. Aquecimento dos pneus

Quando aquecido corretamente, o pneu expande, aumentando a altura do carro em relação ao solo. Isso é levado em conta pelos projetistas na hora de desenhar o carro. E Adrian Newey foi bem radical no projeto do FW16, fazendo com que o carro fosse bastante baixo para compensar a falta dos equipamentos eletrônicos que haviam sido banidos pelo regulamento.
De acordo com essa teoria, Senna teria sofrido para manter os pneus do seu carro aquecidos, após o acidente de J.J. Letho e Pedro Lamy, na largada de Ímola/94. O safety car usado na época não era esse Mercedão que vemos hoje, e sim um veículo de rua normal (no caso, um Opel Vectra). Em velocidade muito baixa, e com um carro mais perto do solo que o normal, Senna reiniciou a corrida com os pneus mais frios e o carro mais baixo ainda. Ao passar pela Tamburello pela segunda vez, o Williams pulou na ondulação, perdeu contato com o solo e saiu reto.
Ninguém nunca ligou muito para essa teoria, mas há 3 anos Damon Hill deu uma entrevista esclarecedora a Sky Sports. O piloto, que conduzia o outro Williams, disse que Senna largara com o tanque do FW16 abarrotado de combustível, disposto a fazer apenas uma parada. O próprio Hill achou a estratégia temerária, pois os pilotos já sabiam do excesso de ondulações na pista e tanto ele quanto Senna vinham sofrendo com a falta de equilíbrio do carro. Com peso extra e pneus frios, Ayrton não teve tempo de reagir quando o carro escapou.
Particularmente, acho essa teoria bastante razoável.

3. Quebra da suspensão traseira

A Williams havia dominado os campeonatos de 92 e 93 com um sistema de suspensão computadorizado, incrivelmente tecnológico e eficaz. Mas a FIA proibiu o equipamento para 94 e Adrian Newey colocou a cabeça para funcionar, no intuito de encontrar uma solução que minimizasse as perdas que o time sofreria em desempenho.
O resultado foi uma suspensão traseira tão inovadora quanto problemática. Os dois triângulos era sustentados por uma longa barra em fibra de carbono, que possibilitava sustentar a traseira do carro mais embaixo do que o normal, criando um fluxo de ar otimizado para o aerofólio.
O problema é que o sistema era extremamente rígido, justamente para evitar que o carro batesse muito no chão. E a suspensão vinha dando um problema atrás do outro.
Muita gente creditou à quebra da suspensão traseira a responsabilidade pelo carro sair reto daquela forma. Mas há um problema: quando a suspensão traseira quebra, assim como quando há um furo no pneu traseiro, a tendência do carro é sair rodando e não ir reto, como foi o caso de Senna. Para comparar, o acidente de Nelson Piquet em 87, na mesma curva, foi causado por um furo de pneu. E a Williams de Piquet saiu rodando, ao contrário da de Senna.

4. Erro do piloto

Em 1994 ainda não havia Internet ou Redes Sociais, mas fico imaginando como seria se houvesse. Certamente, uma parte do tribunal do Twitter condenaria Senna por ter errado no contorno da Tamburello.
E, na época, uma parte da imprensa inglesa levantou essa lebre. O que eles não conseguiram explicar foi como um tricampeão do mundo, com 41 vitórias, erraria o contorno de uma curva feita com pé embaixo, em sexta marcha a mais de 300 KM/h. Fica o mistério…

5. Senna foi baleado por um atirador de elite

Calma, não ria ainda. Vai piorar. Há cerca de três anos, surgiu na Internet (ah, a Internet…) uma teoria maravilhosa que dizia que Senna teria sido abatido com um tiro na cabeça. O Snipper estaria posicionado em uma árvore, na entrada da Tamburello. Eu não deveria perder tempo com essa teoria, mas vamos lá:
  • Devia ser um super Snipper. O cara conseguiu acertar um piloto de Fórmula 1, a mais de 300 por hora, estando trepado no topo de uma árvore. Uau.
  • A parte de trás da Tamburello (depois do muro) tinha uma pequena faixa de grama e logo vinha um enorme barranco que dava em um rio. Tradicionalmente, os fotógrafos se amontoavam ali. E o Snipper conseguiu subir na árvore, ficando lá até a 7ª volta, sem ser notado por ninguém. Nem mesmo o Inspetor Closeau seria tão incrível.
  • Senna saiu da pista a 320Km/h em sexta marcha. De acordo com a telemetria da Williams, ele bateu no muro a 210Km/h em quarta marcha. Ou seja: quem atribui a Senna o título de melhor da história deve ter razão. Só mesmo sendo muito foda para frear e reduzir marchas tendo levado um pipoco na cabeça.
  • E por fim: qual seria, meu Deus do Céu, o interesse em abater um piloto de Fórmula 1, em um evento ao vivo transmitido para milhões de pessoas? Teriam os conspiradores um plano infalível para vender garrafinhas d’água no velório, em São Paulo? Seria Frank Williams, que desejava colocar David Coulthard no lugar de Senna pelo resto da temporada? Cartas para a redação.

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