5 filmes bons e ruins sobre automobilismo

O cinema tem uma enorme dificuldade em retratar esportes. É difícil encontrar um filme que seja fiel a modalidade esportiva da pauta. Geralmente os diretores exageram nas cenas e produzem momentos bastante constrangedores.

O automobilismo também sofre com isso. Existem vários filmes horríveis sobre corridas, mas também têm aqueles que salvam a pátria.

Hoje vamos ver uma lista de cinco filmes sobre corridas. Uns são ótimos e até obrigatórios. Outros, só se você quiser dar muitas risadas involuntárias.

Rush – No Limite da Emoção

Dizem que Grand Prix, filme da década de 60, é o clássico definitivo sobre automobilismo. Não vou discutir, mas não vi o filme. Então para mim, este lugar está reservado para “Rush”.

Narrando a história da rivalidade entre Niki Lauda e James Hunt, “Rush” mergulha sem dó no ambiente da Fórmula 1 dos anos 70, uma época absolutamente fascinante para quem gosta de corridas. Dos acidentes marcantes (inclusive o do próprio Lauda) à beleza das máquinas, passando pelos desafios de se correr em uma época com tão pouca segurança, o filme nos transporta diretamente para tudo aquilo que o automobilismo tem de bom e de ruim.

E não há, pelo menos até onde sei, nenhum filme que tenha conseguido retratar uma modalidade esportiva com tanto respeito e fidelidade quanto este. A recriação dos carros da época é sensacional, as cenas são absolutamente fiéis ao que ocorria na pista e a reprodução do caráter de cada piloto está perfeita. Destaque absoluto para Daniel Brühl, que não só interpreta como se transforma em Niki Lauda. E, para comprovar isso, basta ver ou ouvir qualquer entrevista do ex-tricampeão em qualquer época.

Quem ainda não viu “Rush”, não perca tempo. É um filme para ser assistidos inúmeras vezes.

Carros

Personagens divertidos, animação caprichada e uma boa história para contar. “Carros” segue à risca a cartilha da Pixar de filmes em desenho animado e não decepciona. O filme conta a história de Relâmpago McQueen, um carro de Nascar que acaba perdido e preso numa cidade às margens da Rota 66, uma semana antes da decisão do campeonato da categoria. Para sair de lá ele precisa superar sua arrogância e aprender várias lições com os moradores locais.

Não é um enredo genial, é verdade, mas “Carros” traça um retrato descontraído e bastante fidedigno do automobilismo norte-americano. Do clima interiorano e amistoso que permeia o ambiente das corridas, passando pela reverência do povo aos ídolos do passado e recheando tudo com situações corriqueiras e atuais, como os micos que os pilotos precisam pagar para promover as marcas que os patrocinam.

No processo o filme traz muitas curiosidades, como a homenagem explícita à lenda da Nascar, o piloto Richard Petty, ou a participação especial de Michael Schumacher, que dubla uma Ferrari no final do filme.

Infelizmente, Carros ganhou uma continuação anos depois, mas ela nem se compara ao original.

Alta Velocidade



Silvester Stallone queria muito fazer um filme sobre automobilismo. Andou perambulando pelos bastidores da Fórmula 1 na década de 90, mas percebeu que aquele ambiente fechado não permitiria que ele rodasse suas cenas. Partiu então para a Cart.

Infelizmente ele deveria ter ido para casa, já que “Alta Velocidade” é uma das piores porcarias já produzidas na história do cinema. No filme, Stallone é Joe Tanto, um campeão aposentado que é convidado por seu ex-chefe, interpretado por Burt Reynolds, para ajudar o jovem e talentoso Jimmy Bly a vencer o campeonato. Uma clara inspiração no campeonato da F1 de 94, quando Nigel Mansell foi chamado pela Williams para ajudar Damon Hill no final da disputa.
Até poderia ser uma boa história se o roteiro não fosse povoado por personagens patéticos e acidentes absurdos, que desafiam todas as leis da física. Há, ainda, um triângulo amoroso ridículo envolvendo dois pilotos e uma loira que a cada hora namora um e uma trama totalmente inverossímil sobre o empresário de Bly, vivido por Robert Sean Leonard, o Dr. Wilson, da série House.
Se você estiver à toa e quiser dar uma espiada neste lixo, atente-se especialmente à cena na qual dois pilotos saem pelas ruas acelerando um carro de Fórmula Indy, ou à patética tomada final, da decisão do campeonato. Nem mesmo as cenas filmadas em corridas reais salvam, já que são rápidas e cheias de cortes, sendo substituídas pelas réplicas mal feitas dos carros da categoria.

Dias de Trovão

“Dias de Trovão” é o típico filme americano que conta a história de um herói que, talentoso e arrogante, precisa superar vários desafios para conseguir vencer os adversários, dar a volta por cima e, claro, beijar a linda loira no fim.
Neste filme, Tom Cruise é Cole Trickle, um jovem piloto que chega à Nascar achando que vai vencer todas as corridas e acaba tropeçando nos próprios erros. E é uma pena que este seja o fio condutor da história, pois “Dias de Trovão” também oferece uma visão interessantíssima sobre os bastidores da categoria americana, mostrando como funcionam as negociações entre equipes e patrocinadores, e a maneira como essas negociatas chegam aos pilotos em forma de pressão. Destaque para a belíssima cena na qual o personagem de Robert Duvall constrói o carro que será usado por Trickle.
Com várias cenas filmadas em corridas de verdade, “Dias de Trovão” acaba sendo um passatempo interessante, embora tivesse potencial para ser muito mais que isso. Mas vale a conferida.

Senna

Lançado em 2010, o documentário “Senna” é uma verdadeira pérola para os amantes do automobilismo. Acompanhando a trajetória de Ayrton Senna desde o Kart, o documentário, produzido pelo inglês Asif Kapadia mostra detalhes da carreira do brasileiro sem transformá-lo numa espécie de Jesus Cristo na Terra, como estamos acostumados a ver na Rede Globo.

Recheado de imagens interessantíssimas dos bastidores, o documentário mostra como a rivalidade entre Senna e Prost se deu dentro e fora da pista, com o francês tentando desestabilizar o brasileiro. Também é interessante acompanhar a forma como se davam as reuniões entre pilotos antes das provas e a maneira como Senna reagia às determinações com as quais não concordava, frequentemente esbravejando e deixando a sala antes do fim do encontro.
Mas, além da politicagem, o filme também mostra o talento incomparável de Senna na pista e o clima de tensão que cercou o fim de semana do GP de San Marino, que acabaria resultando na morte do brasileiro e de Roland Ratzenberger.
De quebra, é possível ver cenas raríssimas, como aquela do acidente de Ratzenberger feita a partir da câmera de um espectador que eu, pelo menos, nunca tinha visto. “Senna” é um documentário para ver e guardar para mostrar para os filhos.

E você, conhece algum outro filme sobre automobilismo que merecia estar nesta lista? Então participe deixando seu comentário no post! 

5 teorias que explicam (ou tentam) o acidente de Ayrton Senna

O acidente que matou Ayrton Senna, na 7ª volta do GP de Ímola de 1994, deixou uma lacuna para todos aqueles que gostam de automobilismo. Afinal de contas, o que levou o Williams FW16 a sair reto, em uma curva de pouca complexidade, espatifando-se no muro e matando o piloto quase instantaneamente?
A perícia realizada no carro não foi capaz de definir a causa do acidente, devido ao estado do chassi após a batida. Sobraram então as especulações.
E elas são muitas. Algumas bastante razoáveis, outras ridículas de doer. Veja, abaixo, 5 teorias que podem explicar o acidente de Senna. E tente não rir de algumas delas.

1. Quebra da barra de direção

Fato: a barra de direção do FW16 estava quebrada quando Senna foi retirado dos destroços. Mas a perícia não sabe definir se a quebra ocorreu antes ou depois da batida.

De qualquer maneira, a quebra da barra de direção é a teoria mais aceita entre aqueles que acompanharam o caso mais de perto. Sabe-se que a Williams fez uma adaptação na peça, a pedido de Senna, que não estava satisfeito com a posição de dirigir do FW16.
Ayrton pediu à equipe que desse um jeito de aproximar o volante de seu corpo, para evitar que suas mãos batessem no cockpit do carro quando ele fazia curvas. A Williams realizou o serviço mas, segundo especialistas, com falhas. Ao longo do fim de semana, Senna pilotou o carro em Ímola da forma como queria, mas o material não resistiu à emenda mal feita e se partiu por stress, no meio da Tamburello.
De fato, ao ver as imagens da câmera onboard na última voltado piloto, o volante parece se mover verticalmente de forma excessiva. Mas a câmera para de funcionar assim que o carro sai da pista e, com isso, não é possível saber exatamente o que ocorreu deste ponto, até o impacto com o muro.

2. Aquecimento dos pneus

Quando aquecido corretamente, o pneu expande, aumentando a altura do carro em relação ao solo. Isso é levado em conta pelos projetistas na hora de desenhar o carro. E Adrian Newey foi bem radical no projeto do FW16, fazendo com que o carro fosse bastante baixo para compensar a falta dos equipamentos eletrônicos que haviam sido banidos pelo regulamento.
De acordo com essa teoria, Senna teria sofrido para manter os pneus do seu carro aquecidos, após o acidente de J.J. Letho e Pedro Lamy, na largada de Ímola/94. O safety car usado na época não era esse Mercedão que vemos hoje, e sim um veículo de rua normal (no caso, um Opel Vectra). Em velocidade muito baixa, e com um carro mais perto do solo que o normal, Senna reiniciou a corrida com os pneus mais frios e o carro mais baixo ainda. Ao passar pela Tamburello pela segunda vez, o Williams pulou na ondulação, perdeu contato com o solo e saiu reto.
Ninguém nunca ligou muito para essa teoria, mas há 3 anos Damon Hill deu uma entrevista esclarecedora a Sky Sports. O piloto, que conduzia o outro Williams, disse que Senna largara com o tanque do FW16 abarrotado de combustível, disposto a fazer apenas uma parada. O próprio Hill achou a estratégia temerária, pois os pilotos já sabiam do excesso de ondulações na pista e tanto ele quanto Senna vinham sofrendo com a falta de equilíbrio do carro. Com peso extra e pneus frios, Ayrton não teve tempo de reagir quando o carro escapou.
Particularmente, acho essa teoria bastante razoável.

3. Quebra da suspensão traseira

A Williams havia dominado os campeonatos de 92 e 93 com um sistema de suspensão computadorizado, incrivelmente tecnológico e eficaz. Mas a FIA proibiu o equipamento para 94 e Adrian Newey colocou a cabeça para funcionar, no intuito de encontrar uma solução que minimizasse as perdas que o time sofreria em desempenho.
O resultado foi uma suspensão traseira tão inovadora quanto problemática. Os dois triângulos era sustentados por uma longa barra em fibra de carbono, que possibilitava sustentar a traseira do carro mais embaixo do que o normal, criando um fluxo de ar otimizado para o aerofólio.
O problema é que o sistema era extremamente rígido, justamente para evitar que o carro batesse muito no chão. E a suspensão vinha dando um problema atrás do outro.
Muita gente creditou à quebra da suspensão traseira a responsabilidade pelo carro sair reto daquela forma. Mas há um problema: quando a suspensão traseira quebra, assim como quando há um furo no pneu traseiro, a tendência do carro é sair rodando e não ir reto, como foi o caso de Senna. Para comparar, o acidente de Nelson Piquet em 87, na mesma curva, foi causado por um furo de pneu. E a Williams de Piquet saiu rodando, ao contrário da de Senna.

4. Erro do piloto

Em 1994 ainda não havia Internet ou Redes Sociais, mas fico imaginando como seria se houvesse. Certamente, uma parte do tribunal do Twitter condenaria Senna por ter errado no contorno da Tamburello.
E, na época, uma parte da imprensa inglesa levantou essa lebre. O que eles não conseguiram explicar foi como um tricampeão do mundo, com 41 vitórias, erraria o contorno de uma curva feita com pé embaixo, em sexta marcha a mais de 300 KM/h. Fica o mistério…

5. Senna foi baleado por um atirador de elite

Calma, não ria ainda. Vai piorar. Há cerca de três anos, surgiu na Internet (ah, a Internet…) uma teoria maravilhosa que dizia que Senna teria sido abatido com um tiro na cabeça. O Snipper estaria posicionado em uma árvore, na entrada da Tamburello. Eu não deveria perder tempo com essa teoria, mas vamos lá:
  • Devia ser um super Snipper. O cara conseguiu acertar um piloto de Fórmula 1, a mais de 300 por hora, estando trepado no topo de uma árvore. Uau.
  • A parte de trás da Tamburello (depois do muro) tinha uma pequena faixa de grama e logo vinha um enorme barranco que dava em um rio. Tradicionalmente, os fotógrafos se amontoavam ali. E o Snipper conseguiu subir na árvore, ficando lá até a 7ª volta, sem ser notado por ninguém. Nem mesmo o Inspetor Closeau seria tão incrível.
  • Senna saiu da pista a 320Km/h em sexta marcha. De acordo com a telemetria da Williams, ele bateu no muro a 210Km/h em quarta marcha. Ou seja: quem atribui a Senna o título de melhor da história deve ter razão. Só mesmo sendo muito foda para frear e reduzir marchas tendo levado um pipoco na cabeça.
  • E por fim: qual seria, meu Deus do Céu, o interesse em abater um piloto de Fórmula 1, em um evento ao vivo transmitido para milhões de pessoas? Teriam os conspiradores um plano infalível para vender garrafinhas d’água no velório, em São Paulo? Seria Frank Williams, que desejava colocar David Coulthard no lugar de Senna pelo resto da temporada? Cartas para a redação.

Se você conhece alguma outra teoria que possa explicar o acidente de Ayrton Senna, colabore como blog e deixe um comentário aqui embaixo!